domingo, 10 de fevereiro de 2013

Caridade de Beckham

   Como é sabido, David Beckham foi contratado pelo PSG, com um salário de perto de 30 milhões de €uros anuais, dos quais decidiu abdicar na sua totalidade e doar para solidariedade. Até aqui, nenhuma novidade, mas entretanto a justiça francesa entrevem e diz que este Senhor não pode doar todo o seu salário e tem que ficar com 2200 €uros para si. Ora, a lei podia fechar os olhos a esta situação, visto estarmos a falar de caridade e de uma excelente acção, executada por um verdadeiro Senhor, mas também existe a orgulhosa lei francesa da Igualdade a impedir que se deixe passar...
   Que tipo de igualdade se está a impor, por impedir um homem que a própria igualdade se cumpra? Confuso? Eu explico: se uma pessoa está a tentar fazer a vida das pessoas melhor, está a tentar inserir essas pessoas na sociedade, de modo a que todas possam viver felizes, está a promover a igualdade para o máximo de pessoas possível. Em contrapartida, o próprio ideal de Igualdade está, a priori, a impedir que ele consiga cumprir o que a própria lei prevê... É um pau de dois bicos, muito complicado de resolver.
   No fundo estamos a falar de 2200 mensais a menos que não vão para caridade, o que no fundo acaba por ser um grão de areia no deserto, mas não podemos ver dessa maneira, pois dá para alimentar várias famílias todos os meses, pôr um sorriso na cara de várias crianças cujos pais não têm dinheiro para comprar brinquedos, pôr comida na boca de muitos sem-abrigo, ou mesmo tirá-los dessa condição... A lei está a ser seguida cegamente e sem pensar no bem da sociedade que, nestes tempos difíceis, precisa tanto de pessoas assim. Beckham recebe muitos milhões todos os anos em publicidades, patrocínios e sabe-se lá mais o quê... A sua mulher, a mesma coisa... Não precisam do salário do PSG para nada, porque não deixá-lo dar o dinheiro a quem realmente precisa? O que ganha o governo francês com esta atitude? No fundo são perguntas sem resposta aparente.
   No fundo, temos uma pessoa que deve ser valorizada pelas suas acções. Existem muitas pessoas no mundo que também são milionárias e não doam o um chavo a ninguém sem ter algo em troca, muitas vezes com pessoas a pedir esmolas à porta da empresa da qual são donas. Pessoas como o banqueiro do BPI, que menospreza e desrespeita os sem-abrigo. Pessoas como o "nosso" Primeiro-Ministro, que manda os jovens emigrar...
   Existem pessoas que têm posses para dar e não dão porque não querem, porque são agarradas ao dinheiro e que ainda gozam com quem pouco ou nada tem, e quando aparece uma alma caridosa a querer ajudar os que estão em dificuldades, é-lhe negado esse dever e, em alguns casos, esse dever moral.
   Quem tem, pode e deve doar, quem não tem, deve ser humilde em receber, por vezes um sorriso basta para agradecer.

Cumprimentos

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