segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Impacto da tecnologia na sociedade


   Lá vai o tempo em que as pessoas puxavam pelo cabedal para conseguirem ter o que pretendiam. Trabalhar ao sol para ter que comer. Esperar dias e dias para poder dizer algo a alguém que vivia na freguesia do lado. Usar velinhas para ver de noite. Fazer fogueiras para se aquecerem no Inverno... Hoje em  dia, a tecnologia faz quase tudo isso por nós. Queremos dizer algo a alguém do outro lado do mundo? Podemos fazê-lo em poucos segundos. Está escuro? Pressiono um botão e resolveu-se o problema. Está frio? Carrego num botão e em pouco tempo fico quente e confortável.
    No entanto, em tudo isto, falta algo... Algo que deixou de existir a partir do momento em que temos tudo facilitado. Deixou-se de dar valor a coisas que realmente importam. Já ninguém dá o valor devido a algo básico como a água, pura e simplesmente porque ela nos vem ter a casa sem que façamos qualquer esforço. O único valor que lhe é atribuído é o preço que vem na factura. Apenas quem já sentiu na pele o que é ficar sem água, com cede, desidratado... é que sabe dar realmente valor a este bem precioso
   Para além disso, falta algo que se tem perdido de dia para dia, a olhos vistos e que faz falta a todo e qualquer ser humano: contacto directo, comunicação olhos nos olhos, contacto físico, calor humano. Tudo isto se tem perdido com a supremacia e hegemonia da tecnologia. Facebook, Tweeter, Skype, telemóveis, entre outros, permitem-nos uma forma de comunicação mais simples e rápida mas que nos privam de algo muito importante num processo de comunicação: o contacto visual. Sem contacto visual é mais complicado compreender o que realmente nos dizem. Por vezes nem precisamos de palavras para comunicar, muitas vezes um olhar basta.
   Vivemos numa civilização mecanizada e que espera que as máquinas façam o trabalho por elas, mas no fundo, não podemos evitá-lo. Eu próprio estou a fazer esta crítica e, no entanto, estou a comunicar convosco através da Internet. É algo que já está de tal forma incutido na sociedade, que se torna praticamente impossível de evitar. Já é algo instintivo; procuramos sempre o caminho mais fácil e rápido para chegar aos objectivos.
   A própria economia está absolutamente dependente da tecnologia para a sua subsistência. Praticamente todos os produtos que compramos foram feitos através de processos mecânicos, bem como a maioria das comunicações, viagens e até compras. Tudo isto vai dar origem a uma perda de valores na sociedade...
   Apesar de ser complicado, é preciso valorizar o que realmente importa: as capacidades humanas. É certo que as máquinas foram feitas pelo ser humano, mas não há nada como serem as pessoas, com o seu esforço e dedicação, a produzir algo com valor.
   O ser humano é um mundo cheio de potencialidades que não estão a ser aproveitadas.

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Caridade de Beckham

   Como é sabido, David Beckham foi contratado pelo PSG, com um salário de perto de 30 milhões de €uros anuais, dos quais decidiu abdicar na sua totalidade e doar para solidariedade. Até aqui, nenhuma novidade, mas entretanto a justiça francesa entrevem e diz que este Senhor não pode doar todo o seu salário e tem que ficar com 2200 €uros para si. Ora, a lei podia fechar os olhos a esta situação, visto estarmos a falar de caridade e de uma excelente acção, executada por um verdadeiro Senhor, mas também existe a orgulhosa lei francesa da Igualdade a impedir que se deixe passar...
   Que tipo de igualdade se está a impor, por impedir um homem que a própria igualdade se cumpra? Confuso? Eu explico: se uma pessoa está a tentar fazer a vida das pessoas melhor, está a tentar inserir essas pessoas na sociedade, de modo a que todas possam viver felizes, está a promover a igualdade para o máximo de pessoas possível. Em contrapartida, o próprio ideal de Igualdade está, a priori, a impedir que ele consiga cumprir o que a própria lei prevê... É um pau de dois bicos, muito complicado de resolver.
   No fundo estamos a falar de 2200 mensais a menos que não vão para caridade, o que no fundo acaba por ser um grão de areia no deserto, mas não podemos ver dessa maneira, pois dá para alimentar várias famílias todos os meses, pôr um sorriso na cara de várias crianças cujos pais não têm dinheiro para comprar brinquedos, pôr comida na boca de muitos sem-abrigo, ou mesmo tirá-los dessa condição... A lei está a ser seguida cegamente e sem pensar no bem da sociedade que, nestes tempos difíceis, precisa tanto de pessoas assim. Beckham recebe muitos milhões todos os anos em publicidades, patrocínios e sabe-se lá mais o quê... A sua mulher, a mesma coisa... Não precisam do salário do PSG para nada, porque não deixá-lo dar o dinheiro a quem realmente precisa? O que ganha o governo francês com esta atitude? No fundo são perguntas sem resposta aparente.
   No fundo, temos uma pessoa que deve ser valorizada pelas suas acções. Existem muitas pessoas no mundo que também são milionárias e não doam o um chavo a ninguém sem ter algo em troca, muitas vezes com pessoas a pedir esmolas à porta da empresa da qual são donas. Pessoas como o banqueiro do BPI, que menospreza e desrespeita os sem-abrigo. Pessoas como o "nosso" Primeiro-Ministro, que manda os jovens emigrar...
   Existem pessoas que têm posses para dar e não dão porque não querem, porque são agarradas ao dinheiro e que ainda gozam com quem pouco ou nada tem, e quando aparece uma alma caridosa a querer ajudar os que estão em dificuldades, é-lhe negado esse dever e, em alguns casos, esse dever moral.
   Quem tem, pode e deve doar, quem não tem, deve ser humilde em receber, por vezes um sorriso basta para agradecer.

Cumprimentos

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Reality Shows, entretenimento ou degredo?

   Big Brother, Casa dos Segredos e outros pelo meio foram os chamados "Reality Shows" (como se não existissem palavras portuguesas que servissem) por, supostamente, retratarem a realidade do que acontece quando se junta um grupo pessoas desconhecidas entre si na mesma casa durante um período de tempo.
   Existe um problema grave neste conceito: as pessoas são escolhidas a dedo, não porque são as mais adequadas para retratar um normal ser humano em Portugal, mas sim a pessoa mais "bonita" fisicamente e menos inteligente, basta ver um punhado de citações retiradas desses programas por parte dos concorrentes. Quem tiver o melhor equilíbrio destes 2 factores, é seleccionado a entrar. A parte física é importante ao ponto de, indirectamente, colocarem pessoas sexualmente muito sugestivas (digamos assim...), para que haja atracção entre os concorrentes e os leve a romances, que por sua vez levam a cenas de ciumes, que dão origem a conflitos, etc... E são estes episódios de "escândalo" que acabam por trazer audiências, que, no fundo, são o objectivo final destes programas...
   Mas nada disto transmite qualquer tipo de conhecimento, informação, cultura... Se quisermos tirar algo de positivo destes programas, podemos afirmar que estes nos permite ver o tipo de pessoas que existe na nossa sociedade: pessoas incultas, superficialistas, fachadas daquilo que não são, e que não se importam de ser assim: um verdadeiro degredo do que é o nosso país. Os concorrentes destes programas são meras representações de tudo o que de mau e ridículo que a nossa sociedade tem e toda essa palhaçada transformou-se, de algum modo, em entretenimento para a população.
   Há algo a reter que é muito importante a quem transmite estes programas: é um canal de televisão que, no seu todo, visa, única e exclusivamente, ter audiências e, desse modo, ganhar dinheiro a transmitir seja lá o que for. Já não são transmitidos programas que ensinem, realmente, algo de útil à sociedade. Até as notícias são manipuladas para causar sensacionalismo e ganhar audiências! São violados os códigos de ética jornalísticos que já levaram ao afastamento de jornalistas como Manuela Moura Guedes. Os "Reality Shows" não são mais do que programas sensacionalistas que visam fazer dinheiro, ignorando a cultura das pessoas, passando apenas "entretenimento" ofensivo, sexista, criador de conflitos e violento. O problema é que este canal transmite apenas o que as pessoas querem ver. E o que as pessoas querem ver são telenovelas, que nada ensinam, apenas mantém pessoas coladas aos ecrãs para ver o que acontece a seguir, numa história completamente ficcional; "Reality Shows" e jornalismo sensacionalista, que em vez de relatar realidades importantes, retrata cenas espalhafatosas, violentas, pouco importantes e pouco úteis com o simples objectivo de ganhar fama, audiências e dinheiro. É o capitalismo selvagem a ser emanado pelas nossas televisões com o objectivo de nos viciar, manipular e converter a determinadas ideologias. Não dá às pessoas aquilo que elas precisam, mas sim o que elas querem... 
E nem sempre as pessoas sabem o que querem.